O Pastel por Ana Monteiro...

Por Ana Monteiro... 
"O pastel é um material frágil, quebradiço e instável, é um processo que deve o seu nome à palavra italiana «Pastello»

Apresenta-se sob a forma de um característico tipo de lápis constituído, basicamente, por uma pasta, daí o seu nome, de carbonato de cálcio, pigmentada com as mais diversas cores e uma quantidade ínfima de tragacanto, ou alcatira, como aglutinante, não contendo óleos, vernizes ou essências. Os tons obtidos com o pó de pastel possuem matizes frescos e aveludados que não se conseguem como a pintura a óleo, mas têm o inconveniente de ser frágeis e de resistir mal ao atrito, à acção do sol ou à humidade. Os lápis para a pintura a pastel podem ser duros, semi duros ou macios, e utilizam-se sobre papel de textura adequada, cartão ou tela preparada com uma camada de gesso. Segundo as afirmações de Leonardo da Vinci, a verdadeira origem desta técnica é francesa sendo Jean Perral (1455- 1530) o seu primeiro cultor. Leonardo disse a respeito do pastel que era «um modo de colorir a seco». A técnica do pastel afirmou-se nos séculos XVI e XVII, sobretudo entre os artistas italianos e franceses, atingindo o seu máximo esplendor no século XVIII, com figuras como Rosalba Carriera, Quentin de la Tour, Perronneau, etc. Porém, este meio nunca deixou de ser utilizado pelos maiores pintores contemporâneos, entre os quais se destacam Degas, Odilon Redon e Picasso.O inconveniente atrás referido da instabilidade da pintura a pastel, é dificilmente superável. Qualquer tentativa que a pretendesse eliminar, como por exemplo pelo uso de fixativos, seria prejudicial a posteriori, pois todo o fixativos é liquido. Este, empastava devido ao pó dos pigmentos de pastel, o qual, deteriorava as suas cores e descaracterizava a técnica. É um material que temos de aceitar tal como é, com as suas vantagens e com os seus inconvenientes, como qualquer outro.
Esfumamos o pastel com os dedos e não com o esfuminho de papel, pois o esfuminho é muito seco ao contrário dos dedos que são macios e húmidos do suor.
Durante o processo de elaboração de quadro com pastel, o papel base tem de estar fixado a uma prancheta para evitar o menor desprendimento de tinta. Quanto ao lápis, convém que o pintor experimente os seus diferentes níveis de dureza. Quanto à cor do pastel é pura, é transparente, só obtendo a necessária opacidade com a adição de pigmento branco, que é como se apresentam comercializados os referidos lápis.

Fabricação de Barras
Podemos fabricar as nossas próprias cores de pastel com elementos muito escassos. O grau de dureza variará conforme a maior ou menor pressão com que se leve acabo o processo de moldagem.
1º - Materiais: pigmento vermelho, água destilada, papel mata- borrão, espátula, superfície impermeável e aglutinante.
2º - Para obter o aglutinante, depositamos num recipiente 30 gramas de goma de tragacanto por cada litro de água destilada.
3º - Aquecemos o recipiente até começarem a formar grumos. Em seguida retiraremos do lume.
4º - Sobre uma superfície impermeável, depositamos o pigmento e uma pequeníssima quantidade de água destilada. Mexemos.
5º - A pasta assim obtida acrescentamos agora algumas gotas de aglutinante e misturamos muito bem o produto até obter uma massa uniforme.
6ºÞ Depositamos a mistura sobre um papel mata- borrão e estendemo- la um pouco a fim de eliminarmos o exesso de água.
7ºÞ Depois de o mata- borrão ter absorvido a água, a pasta assumirá um aspecto mate. Já não manchará, podendo ser modelada.
8º - Deixaremos secar as barras obtidas sobre o papel mata borrão, durante cerca de vinte e quatro horas.
O mais fácil é comprar as barras já feitas , em que os fabricantes de cores a pastel apresentam caixas de 12, 18, 24, 48, 60, 72, 163 e 336 cores, para responder a todas as necessidades do pintor.

Preparação do papel
1º Na ilustração aparecem diferentes tipos de papel, todos eles rugosos e porosos, para que o pó de pastel se fixe adequadamente.
2º Fixamos o papel numa prancheta. Preparamos o grude de amido. Mais tarde, acrescentaremos 300 c c. de água a ferver.
3º Estendemos, com a palma da mão, uma quantidade adequada de grude sobre toda a superfície do papel.
4º Polvilhamos com pedra- pomes moída. Após esperarmos alguns minutos, soltaremos o pó excedente sacudindo a prancheta.
As cores do pastel não sofrem alteração alguma com a passagem do tempo e isto devido ao facto de na sua composição intervir apenas uma quantidade ínfima de aglutinante. Tem no entanto a grande desvantagem da sua instabilidade, já que por ser um pó que não possui capacidade de aderência por si mesmo, sendo o papel que o fixa e o retém nas suas rugosidades desprende-se com muita facilidade ao mais leve golpe ou sopro.
Não é aconselhável por fixativo porque este é líquido e empasta o pó, deteriorando as cores e descaracterizando esta técnica, fazendo-a perder a sua leveza e brilhantismo. Em casos muito particulares poderá usar-se um fixativo composto por resina Dammar dissolvida em benzina a 10 por 100. Fixar um desenho a pastel equivale a perder a luminosidade e a opacidade das cores. Devemos lembrar também que a acção do sol e a humidade não são convenientes às cores de pastel.
Neste caso, como conservar uma obra realizada com pastel ?
O melhor é emoldurá-la deixando uma separação adequada (passe-partout), cerca de cinco milímetros, entre o vidro e o desenho, protegido da luz directa, da humidade e do calor ou com uma folha de papel acetinado.
Conseguir os efeitos luminosos com o pastel dependerá do domínio técnico do artista que o empregue, da superfície sobre a qual se trabalhe e da qualidade do pigmento das barras. Porém, as suas vantagens são indubitáveis: devido à sua grande opacidade, é possível pintar tons claros sobre escuros, esfumando ambos como se fosse um só; podem fixar-se com ele tanto os pequenos pormenores, como as grandes manchas; pode matizar- se, até à exaustão, os tons, e as barras são extraordinariamente versáteis, podendo usar-se de lado, ou totalmente verticais, afiadas, com ponta, etc.
A técnica do pastel presta-se, tal como qualquer outra, para a pintura de motivos muito diversos, quer sejam paisagens, flores, animais, interiores e para representação da figura humana, sobretudo no retracto, em que exibe a sua capacidade para obter efeitos de um enorme valor expressivo."


Bibliografia
* Le Pastel –SKIRA- Geneviève Monnier- Classiques *Técnicas de Pintura e Desenho- Desenho- Tintas e lápis de cores- Ediciones Genesis *Técnicas da Pintura e Desenho- Técnicas Diversas- O cromatismo do Pastel- Edicines Genesis *Técnicas de Pintura e Desenho- Desenho- Pintar com ceras- Ediciones Genesis 
...Créditos Ana Monteiro


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