Ilustração por Ana Monteiro...


Por Ana Monteiro... 

“O Palácio da Ventura”
Antero de Quental, escreveu o soneto “O Palácio da Ventura” sendo a base para a realização de uma proposta bidimensional (ilustração do meio).

O poeta nasceu em 1892 em Ponta Delgada e estudou direito em Coimbra. O poeta acabou os últimos dias de vida em desespero levando-o ao suicídio em 1891 na sua cidade de berço.
As suas obras contêm um elevado rigor formal e um profundo conteúdo fisiológico. Consequentemente, ao interpretar as suas obras os leitores têm que estar concentrados para uma reflexão profunda, a qual, vai criar imagens no seu imaginário.

Ao interpretar “O Palácio da Ventura” a imagem que criei foi algo não muito objectivo como um sonho. Assim, tentei transpor essa ideia na ilustração que é acompanhada pela primeira estrofe.

O tipo de letra utilizado é o Liberate que se apresenta com diferentes tamanhos transmitindo a ideia de profundidade, futuro, caminho... Este tipo de letra foi utilizado porque faz lembrar a escrita manual, a qual vai buscar os tons da assinatura do poeta, que se encontra no canto inferior direito da folha.

Para chegar à imagem final foi transformada através do programa Photoshop, da qual originou uma nova imagem e que por sua vez foi duplicada. Por fim, obteve-se uma só imagem contendo traços não muito definidos mas, apresentam traços ou partes de um Cavalo e de um Homem. A transparência e a sobreposição de imagens também estão presentes neste trabalho.

O texto é apresentado em primeiro plano e é acompanhado por uma neblina transparente e de tom branco. Esta, é para acentuar a ideia do sonho, a qual, também identifico como uma nuvem.

O suporte deste trabalho é o A3 e o papel aplicado é artesanal denominado Lokta ( é um oficio antigo do Nepal, Himalaias).
Neste trabalho tentei dar a noção do rústico e do antigo com a ajuda do tipo de letra dos tons e do papel .



Ilustração do número "2002"(primeira ilustração) A proposta de trabalho para o ano 2002 teve como objectivo principal realçar o importante papel que o Design Gráfico e a Comunicação visual desempenham nos planos social, cultural e económico da nossa sociedade. Parti deste pressuposto apresentando vinte e duas situações e uma proposta tridimensional .
Para a exploração e elaboração destes trabalhos tive que recorrer à fotografia. Captei elementos e ou objectos que a natureza nos oferece formando deste modo, imagens onde por vezes se tornam legíveis ou menos legíveis a visão das formas do número 2002. Recorri também a outros materiais tais como: gesso, pasta de papel, cera de velas, sementes, colagens e a recortes de revistas.
Posteriormente conjuguei os elementos referidos no programa da Adobe PhotoShop, no qual recorri à cor, à textura, aos tipos de letras,...
Seguidamente vou descrever os trabalhos:

1º- A aplicação de velas brancas formam a base para colocar os números feitos em madeira e “colados” através de cera de vela vermelha. As velas do último dois não estão queimadas devido a ser o ano que irá ser novo.

2º- A digitalização de clipes foi o processo para este trabalho, tornando assim, pouco legível a corrente de clipes que formam o 2002 o qual, está ladeado por clipes de diferentes cores . No final da folha encontra- se o número escrito por extenso através de letras finas e coloridas. Por cima deste trabalho estão clipes verdadeiros. O objectivo é tornar esta composição gráfica num enigma para com o receptor.

3º- Máquina de calcular projecta no visor e numa tira de papel o 2002 . Como fundo, a aplicação de pastel de óleo esbatido com a ajuda de uma folha de papel. Aqui está presente um dos diferentes objectos com que a economia lida .

4º- A fotografia das minhas mãos formam um conjunto de elementos que representam o 2002. No fundo existe a textura de um tronco de uma árvore. Por cima das figuras principais foi colocado cola UHU com o fim de destacar estes elementos visuais.

5º- Com os elementos anteriores mais uma paisagem alentejana trabalhei-os no programa PhotoShop e seguidamente as mãos foram recortadas e coladas.

6º- Através do recorte do trabalho anterior formei assim um “S” que poderá ser lido, pelas duas vertentes, ou seja de baixo para cima, ou de cima para baixo.

7º- O dinheiro é outro dos elementos económicos da nossa sociedade, deste modo foi colocado o primeiro conjunto a cores e o segundo o seu negativo. No meio destes encontra- se o “&” utilizado em empresas. Assim lê- se: 1000 + 1000 & 1+1= 2002.

8º- Apartir da fotografia de uma fonte e de um chão de granito cinzento resultou uma imagem que simboliza um dos aspectos culturais da nossa sociedade. As primeiras imagens foram trabalhadas no PhotoShop, seguidamente foi adicionado conjuntos de números em diferentes locais, com a intenção de que se o receptor rodar a folha, o número 2002 está sempre presente.

9º Com os meios citados anteriormente criei um conjunto de elementos através da fotografia de uma árvore.

10º- Como fundo, foi sobreposto malmequeres e números, como
plano principal foi adicionado dois malmequeres, dois olhos sem pétalas e novamente a repetição dos dois malmequeres.

11º- A fotografia de um barco como fundo e a construção de 2002 em pasta de papel foram posteriormente tratados em PhotoShop criando a situação de sobreposição. O 2002 encontra- se um pouco camuflado por folhas de canas. Através de uma ferramenta do programa os números foram construídos com a textura das folhas.

12º- A textura na areia das roda s de um tractor, mais um conjunto constituído por uma gema de um ovo e a sua casca partida ao meio, foi tema de uma nova fotografia. Seguidamente com a ajuda do PhotoShop fez- se a multiplicação das gemas. Acompanhado destas imagens, encontra- se esbatido na vertical e centrado, no topo da imagem, duas letras “MM” que na escrita Romana é decifrada como 2000. Por baixo da imagem encontra- se “II” as quais também pertencem à escrita Romana e que indicam o número 2 formando deste modo, a ajuda ou solução para a compreensão da imagem apresentada. Caso contrário os receptores poderiam decifrar como 4 gemas e 2 cascas.

13º- Através da fotografia da paisagem do rio Tejo, onde coloquei um “2” com o auxilio de uma corda e de uma cesta de verga que representa o “0” construi o numero 20 que à posteriori foi trabalhado em PotoShop para formar o 2002.

14º- A transparência da a água neste caso a do rio mais as pedras como fundo constroem o número 2002.

15º- Fotografia de uma corda dentro de água.

16º- Fotografia de uma construção na areia.

17º Fotografia de uma construção na areia.

18º Fotografia do número construído através de búzios.

19º- Uma mó que nos dias de hoje é considerado como um objecto cultural e que foi muito utilizado pelos nossos antepassados, foi tema para outro projecto devido à sua forma redonda. Foi adicionado e conjugado com a mó uma fonte tipográfica, obtendo- se como trabalho final a formação do 2002.

20º- Dois troncos de eucalipto e dois nós de outras duas árvores são as imagens que se apresentam neste trabalho. Por cima de alguns destes elementos encontram- se “partes” de números.

21º- Os bebés são o futuro do amanhã assim, estão aqui representados. Os números apresentados à volta do globo dão a ilusão de um movimento circular e são construídos através de sementes.

22º- O compasso, é um objecto fundamental na música, que ajuda a impor ritmo e movimento quando se toca uma pauta, assim, a vida social também tem que ter estes aspectos para que não se torne monótona. A escolha deste elemento mais a representação numérica do 2002 formam assim e concluem os 22 trabalhos propostos. Restando assim, o tridimensional que é constituído por imagens que contêm elementos contáveis. Os quatro conjuntos de imagens contêm os números do número inteiro 2002 de uma maneira subtil ou disfarçada os quais têm formas com vértices ou ondulantes. Tem como base um fundo preto e a cara de uma jovem que se encontra tatuada com rodas dentadas. Este trabalho deve ser visto na vertical devido aos números se encontrarem no topo das imagens.
Ilustração da palavra "Mola"“Mola” foi a palavra escolhida para a realização deste projecto. Ela permite abranger diferentes significados tais como: a mola da roupa, a mola dos carros, a mola das canetas, bolo de farinha de grãos de trigo torrado usado nos antigos sacrifícios da antiga Roma, entre outros. E os materiais com que são realizados também são todos diferentes, desde a madeira, o metal, o plástico,...

Com esta palavra elaborei a nível gráfico (percepção visual) várias experiências a nível de materiais e de suportes para dar resposta aos diferentes trabalhos propostos.

O primeiro trabalho, o de arte final, o positivo/ negativo, em ambos a palavra não contem diferentes espaçamentos devido à letra “M” e “l” estarem colocadas na linha de hastes ascendentes e de estas serem seguidas por duas formas arredondadas, assim o espaçamento é de 4 mm. O material usado para este trabalho é tinta da china preta e como suporte poliester.

A realização da palavra a cores com a máxima legibilidade utilizei a cor amarela (pantone Yellow- C(4) M(2) Y(75) K(0)) para a palavra e para o fundo o preto. O amarelo pode ser visto de mais longe do que as outras cores primárias e atrai a atenção das pessoas. A utilização destas duas cores faz com que seja bem legível, pois por isso é que alguns sinais de regulamentação de trânsito também têm estas duas cores.

Para a mínima legibilidade monocromaticamente, a palavra foi recortada e colada em papel vegetal, por cima foi aplicado uma folha de algodão branca com forma elípticas para dar a noção das molas das canetas por exemplo. Este conjunto visto a uma distância faz com que haja pouca legibilidade apesar de algumas formas serem visíveis.
Outro trabalho foi o de papel de jornal amarrotado, para fundo, e a palavra está recortada em preto e colada em cima do papel de jornal. Para a palavra se tornar minimamente legível foi aplicado também guache branco.

A técnica utilizada para a mínima legibilidade a cores foi tinta de óleo (várias cores) sobre um suporte de serapilheira.
Na mínima diferença entre palavra fundo foi utilizado o papel canelado na horizontal o qual foi recortado e depois foi buscar o papel canelado na vertical que estava aplicado em segundo plano onde se encontra a palavra, formando assim, um pequena diferença.

No máximo contraste/conflito de cor entre a palavra e o fundo a cor usada para a palavra foi o Pantone Yellow Green (C(28) M(0) Y(80) K(0)) e para o fundo foi o Red Violet (C(12) M(77) Y(0) K(0)).

Para a máxima harmonia utilizei o azul Pantone Navy (C(96) M(93) Y(21) K(12)) e o branco porque produzem uma agradável combinação.

Na eliminação de determinadas partes da palavra que são desnecessárias, no primeiro trabalho, a palavra foi cortada e eliminada a parte inferior das letras e tem como suporte o papel azul de palha onde a palavra é recortada e, à sua volta, encontra-se cera de vela com textura de uma mola de roupa, a palavra, encontra-se com tons de amarelo e com uma textura de uma mola elíptica; o segundo trabalho tem como suporte uma cartolina creme onde está aplicado lacre vermelho com textura de uma mola de madeira, e que por sua vez contém pinceladas em guache branco nas texturas para realçar mais, sobre o lacre encontra-se a palavra em pergaminho em que as partes das palavras são eliminadas com a sobreposição de mais lacre.

Mantendo o significado alterou-se o significante, este trabalho tem como suporte o papel de serapilheira e a palavra é construida na vertical em kapaline. Primeiro a palavra “M” por baixo desta temos o "o" (é o centro e que pode ser comparado com o centro da mola da roupa) e por fim encontra-se o “l” ladeado do “a”, esta forma depois foi recortada ao meio e juntaram-se na pelas hastes da letra “M”, dando deste modo o aspecto de uma mola de madeira aberta.

No significado objectivo da palavra foi utilizado o conceito de que a mola prende algo assim, foi construída a palavra em plasticina com cores coloridas, como as molas de plástico e nos pés das letras foi feito um corte onde elas prenderam uma corda de sisal.

No movimento foi feito um suporte com molas de madeira de lado e molas de frente por cima foi aplicado as letras recortadas em tiras e pintadas a guache azul sobre kapaline e estão espalhadas sobre o suporte de uma forma que transmite movimento. Por cima destas, encontra--se uma folha de papel esquisso para acentuar mais a cor da madeira e para dar mais realce às palavras. Outro trabalho de movimento foi o da criação de uma forma elíptica em cartolina bordou , onde as letras estão deformadas (mais alongadas na vertical) e presas por fio de coco. Quando o utilizador segura e levanta a forma elíptica, esta gira e as palavras caem.

Na relação forma fundo foi aplicado um tipo de jogo em que, há quatro divisões a nível de letras e em cada secção só há uma que não está deformada e esta é branca. Quando o utilizador encontrar em cada secção a letra forma assim a palavra “Mola”.

Para a aplicação de um grafismo de charme ou de prestigio foi utilizado uma cartolina de cor bronze, por ser uma cor que identifica-se com o cobre e em contraste com o preto porque é uma cor “elegante”.

O grafismo de kitch é aplicado como suporte e em determinados elementos o papel canelado com cores berrantes coloridas e com brilho e nas letras é aplicado um papel autocolante que para mim é piroso. Com estes elementos formei o conceito em que na minha opinião é kitch mas que para outros pode não ser."

...Créditos Ana Monteiro

Share:

Sem comentários:

Enviar um comentário